Notas de um diletante
"O diletante, com efeito, corre entre as ideias e os factos como as borboletas (a quem é desde séculos comparado) correm entre as flores, para pousar, retomar logo o voo estouvado, encontrando nessa fugidia mutabilidade o deleite supremo." Eça de Queirós, A Correspondência de Fradique Mendes (Memórias e Notas)
4 de junho de 2023
Pãozinho
3 de junho de 2023
Dinheiro
“A verdadeira divindade do homem branco é o metal redondo e o papel forte a que ele chama dinheiro. Quando se fala a um Europeu do Deus do amor, ele faz uma careta e sorri. Sorri de tão ingénua maneira de pensar. Quando lhe estendem uma peça de metal redondo e brilhante ou um papel grande e forte, logo os seus olhos brilham e a saliva lhe assoma aos lábios. O dinheiro é o objecto do seu amor, o dinheiro é a sua divindade. Todos os homens brancos pensam nisso, até mesmo a dormir.”
Head of Octavian
28BC
Italy
"This denarius celebrates the successful conclusion of Octavian's Egyptian campaign."
2 de junho de 2023
1 de junho de 2023
Nudez
Scheurmann, Erich, O Papalagui. Discursos de Tuiavii chefe da tribo de Tiavéa nos mares do Sul, Lisboa, Antígona, 1998, pp. 13-14.
31 de agosto de 2022
Frei Francisco de Santo Agostinho de Macedo
30 de agosto de 2022
29 de agosto de 2022
Porteira de convento
"Nomearam-me há pouco tempo porteira deste convento. Todos os que falam comigo crêem que estou doida, não sei que lhes respondo, e é preciso que as freiras sejam tão insensatas como eu para me julgarem capaz seja do que for."
28 de agosto de 2022
Morangos
27 de agosto de 2022
Cata-vento
26 de agosto de 2022
25 de agosto de 2022
24 de agosto de 2022
Bolas de sabão
23 de agosto de 2022
Barco Negro
Cocchi, Riccardo, "Mãe preta e Barco negro: A mesma melodia para duas tragédias diferentes" in Revista Crioula, nº 26, 2º Semestre 2020, pp. 151-161. daqui
22 de agosto de 2022
21 de agosto de 2022
20 de agosto de 2022
19 de agosto de 2022
18 de agosto de 2022
17 de agosto de 2022
Frades de pedra
16 de agosto de 2022
15 de agosto de 2022
14 de agosto de 2022
Sem Ceres e Baco, Vénus tem frio
sine Cerere et Baccho friget Venus
(locução latina que significa "sem Ceres e Baco, Vénus tem frio")
13 de agosto de 2022
Entranhas de infante
"Na primeira sepultura do claustro encontram-se enterradas, numa talha vidrada, as vísceras do Infante D. Francisco, irmão de D. João V, que faleceu na Quinta das Janelas." daqui
12 de agosto de 2022
Cão branco
"The sitter was the artist's first wife Kathleen, daughter of Epstein and Kathleen Garman. She appears in many of his early pictures." daqui
11 de agosto de 2022
10 de agosto de 2022
Bay window
1971
Museums Sheffield
9 de agosto de 2022
8 de agosto de 2022
Vitiligo
"Painted from Life by Dan.l Orme and Engraved under his direction by his late Pupil P. R. Cooper." "The Portrait of George Alexander, An Extraordinary Spotted Boy, from the Caribbee Islands in the West Indies."
"George Alexander Gratton was a slave named after the overseer of the plantation in which he was born on the Caribbean island St Vincent in 1808. From birth, he showed signs of the then little-known skin condition vitiligo, which rendered him an object of curiosity. As a baby he was purchased for 1000 guineas (a sizeable sum for the period) by the travelling showman John Richardson, who took him back to England and exhibited him as an entertainment. This engraving was made after a now-lost painting by the artist Daniel Orme when George was eighteen months old, and reveals the era's attitudes towards both Afro-Caribbean peoples and those with unusual medical conditions. George's nakedness and juxtaposition with a mottled dog indicate that he was viewed more as an animal specimen than a human. The turtle on which he sits also references his 'exotic' origins in the West Indies. The objectification of a young child, which is so troubling to modern eyes, was partially a way for nineteenth-century viewers to understand physical difference. However, the highly problematic nature of his exhibition was compounded by the racist attitudes of the trans-Atlantic slavery era towards black Africans, which considered them to be both physically and morally inferior to white Europeans." daqui
7 de agosto de 2022
Avenida da Liberdade
6 de agosto de 2022
5 de agosto de 2022
4 de agosto de 2022
Revolta de Haymarket
May 1, 1886 | Industrial workers across the U.S. go on strike, demanding an 8-hour workday. |
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May 3, 1886 | During a strike at McCormick Reaper Works in Chicago, demonstrators clash with police, and several of the strikers are wounded or killed. |
May 4, 1886 | A bomb is detonated after police break up a meeting of labor activists near Haymarket Square in Chicago. One police officer is killed by the blast, and several men, both strikers and police officers, die or are wounded in the ensuing violence. |
May 27, 1886 | Thirty-one men are indicted and 8 men—Albert Parsons, August Spies, Oscar Neebe, Louis Lingg, George Engel, Adolph Fischer, Michael Schwab, Samuel Fielden—are arrested and charged as accessories to murder. |
July 16, 1886 | The eight men go to trial. On August 19th, the men are found guilty, and seven are sentenced to death by hanging. The eighth man, Oscar Neebe is given a lighter sentence of 15 years in the penitentiary. |
September 14, 1887 | After an appeal is filed, the Illinois Supreme Court upholds the lower court’s ruling. An appeal to the U.S. Supreme Court in November is denied. |
November 10, 1887 | Louis Lingg commits suicide in prison. |
November 11, 1887 | Parsons, Spies, Engel, and Fischer are executed. Their funeral is witnessed by over 150,000 people. |
June 26, 1893 | Illinois governor John Peter Altgeld pardons Neebe, Fielden, and Schwab. |
- "Illinois - The anarchist-labor troubles in Chicago The police charging the murderous rioters in old Haymarket Square on the night of May 4th"
- Two page spread showing police charging rioters on May 4th in Haymarket Square, Chicago
- daqui
3 de agosto de 2022
As palavras não somos nós
“Enchi vinte e cinco páginas que foram as que me deram para encher. Escrevo como um profissional, à linha, as palavras pouco importam, são ambíguas e inúteis. As palavras não somos nós. E tu, leitor, és um pretexto: testemunha, confidente, cúmplice, vítima ou juiz, jamais nos conheceremos, jamais saberás quem sou, onde te minto, onde chorei, onde nos podíamos ambos rir a bom rir da nossa pavorosa condição de gente morta ou gente que vai morrer. Escrevo como o Hemingway ― à tabela: tantas páginas, tantas mil palavras, tantos tostões. Eis aí um morto simpático, o Hemingway, suicida carregado de glória, um milionário-suicida. Basta de mortandade, porém. Matei mais gente que a Santa Inquisição. Estou na verdade cansado.”
Pacheco, Luiz, O Teodolito, Setúbal, Estuário, 1990, p. 52.
2 de agosto de 2022
Doença dos legionários
1 de agosto de 2022
Vivemos entre mortos
“Vejo muitos mortos, uma longa fila de mortos conhecidos a avançarem para mim e, à frente, o cadáver da Umbelina, como da última vez que a vi, magra e triste, a fala rouca e sumida, com a morte na garganta, uns olhos assustados, viera da terra a Lisboa e voltava desenganada pelos médicos do hospital, veio cá a casa ver-me, ver o seu menino, talvez para se despedir de mim, morreu daí a dias, naquela altura morria muita gente de tuberculose, hoje é de cancro ou do coração, morre-se de qualquer coisa, tanto faz, vivemos entre mortos, gente que vai morrer e sabe que vai morrer e gente que já morreu, gente morta ou provavelmente morta ou morta daqui a bocado, amanhã, hoje ainda talvez, morte súbita, morte zás! e adeus… os mortos caem em todos os lados, caem-nos em cima, apertam-nos, já não metem medo, são tantos, há muitos, há cada vez mais companhia de mortos, tornam-se maçadores, abafam o ar. Aparecem-nos às vezes com um sorriso, fingem bem, mas debaixo dos fatos vem um cheiro que não engana, os olhos são vazios e lúcidos, não querem nem esperam nada, estão mortos por detrás da gravata. Tão mortos como esta Umbelina que só me aparece quando me sinto mais cansado, como se me viesse buscar ou despedir-se de mim, inda uma última vez.”
Pacheco, Luiz, O Teodolito, Setúbal, Estuário, 1990, pp. 48-51.31 de julho de 2022
Inimigo comum
Nuestro enemigo común: el fascismo
Nuestra arma común: la unidad"
"Pancartas colocadas con motivo de la fiesta de despedida en honor de las Brigadas Internacionales a los que han combatido voluntariamente en los frentes de la España republicana"
30 de julho de 2022
Pureza antiga
29 de julho de 2022
Ave do Brasil
28 de julho de 2022
Infância lógica e paralela
“Com a minha infância, se me permitem um depoimento formal, passa-se qualquer coisa de curioso, de ambíguo. Entro e saio nela quase sem dar por isso, às vezes mesmo não reparo ou não sei se estou para trás ou fiquei aqui e agora. De dia sou menino, à noite velho caquéctico e o contrário também pode acontecer. Às vezes demoro-me mais tempo num dos extremos ― são o que eu chamo as minhas crises. Outras, ainda, acumulo os tempos, crio-me uma infância lógica e paralela, ganha-me uma talvez pureza e fico-me a vê-la, ora maravilhado, ora irritado, ora assustado, com o olhar cheio de ronha do macróbio que já viu muito filho de muita mãe e de si próprio duvida mais do que todos e do que de todos. A verdade é que ainda não me decidi por uma idade certa, continuada. Ou um tempo.”
Pacheco, Luiz, O Teodolito, Setúbal, Estuário, 1990, p. 34.
27 de julho de 2022
Identificação comunal
“Nas últimas duas gerações, os europeus ocidentais perderam ou abandonaram muitas das tradicionais instituições integradoras da vida pública moderna. Quando comparado com há meio século, o papel da família, da Igreja ou do exército é hoje ínfimo na maioria dos países ocidentais. Os partidos políticos e os sindicatos já não desempenham a função pedagógica e organizativa que tiveram na Europa durante mais de um século. Ao mesmo tempo, as pressões económicas estão a tentar os governos a reduzir os benefícios adquiridos da segurança social, e estão a desaparecer os componentes essenciais daquilo a que os Franceses chamam solidarité. Pode muito bem acontecer que a nação – com a comunhão de memória que a representa e o Estado que a simboliza, com o seu enquadramento familiar e ajustado – seja a única fonte coletiva e de identificação comunal que reste, e também a mais adaptável. Dado o colapso impressionante dos grandes objetivos universais e abstratos da utopia socialista, e da promessa insustentável de uma união continental cada vez maior e mais próspera, talvez as virtudes de uma unidade social baseada na propriedade geográfica e radicadas no passado, em vez de no futuro, tenham sido mitigadas. Seja como for, uma maior atenção às virtudes da nação e ao seu Estado, por parte dos políticos respeitáveis (e, por contraste, menos atenção às maravilhas da «Europa»), podem ajudar a recuperá-la dos braços dos seus pretendentes mais extremistas.”
Judt, Tony, Uma Grande Ilusão? Um Ensaio sobre a Europa, Lisboa, Edições 70, 2012, pp. 119-120.