“Onde
estarão agora os que foram meninos comigo, meus companheiros de bibe
e calção? gostava de ir lá vê-los à nossa infância, de irmos
todos, reconhecermos todos como nossa ainda a pureza antiga, os
projectos que enterrámos, as ilusões, os actos falhados. E, com
efeito, o mundo dos adultos está cada vez mais triste, mais crápula,
mais ratazana. É uma bicharada que vai a correr pró buraco do
coval, comprometida e lassa, sem alegria, sem carácter, sem
sentimentos, sem dignidade nenhuma. Não são gente: são baratas
medrosas, assustadas sempre, que andam de luto por eles-mesmos e se
escondem quando pressentem uma luz, a ousadia dum gesto, a virtude
duma palavra. Adultos, cadáveres de jovens. Metem dó, metem nojo,
tão velhinhos e tão resignados. Cagarolas. Gostaria de os tornar a
ver como eram, na infância.”
Luanda: Assistência à Criança (Medição)
Agência Geral do Ultramar, Angola
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