19 de junho de 2022

Carros

    Quanto à razão por que nos deveríamos tornar uma família «Citroёn», quando já havia Volkswagens, Peugeots, Renaults, Fiats e afins mais baratos, gosto de pensar que se explicaria por um qualquer motivo étnico subliminar. Os carros alemães, é claro, estavam fora de questão. A reputação dos carros italianos (pelo menos dos que poderíamos comprar) estava na sua fase mais negra: a opinião comum era que os italianos podiam desenhar tudo ─ só não o sabiam construir. A Renault estava desgraçada pela colaboração ativa do seu fundador com os nazis (o que levara a que a firma fosse nacionalizada). O Peugeot era uma marca respeitável, mas, na altura, mais conhecida pelas bicicletas; seja como for, os seus carros eram construídos como tanques e parecia que lhes faltava estilo (o mesmo argumento usado para os Volvos). E, talvez o argumento decisivo, mesmo que nunca dito, o fundador epónimo da dinastia Citroёn fora um judeu.”

Judt, Tony, O Chalet da Memória, Lisboa, Edições 70, 2011, p. 49.


M. et Mme Citroën
André Citroën e Giorgina Citroën
Agence Rol
1928

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