“O
que é verdade, também, é que de sobra sabia ele que Laureano
Barros, na sua condição de bibliófilo, era a pessoa ideal para
preservar e estimar aqueles papéis. Tal como muito bem sabia que os
coleccionadores – a mecânica sobre que gira esse mundo faz deles
uma importante instância de consagração, legitimação e
valorização dos escritores, sobretudo da sua posteridade – são
responsáveis por alguns dos critérios e princípios de
excepcionalidade, singularidade e autenticidade das obras literárias,
nomeadamente através da diferenciação entre consumo nobre e
consumo vulgar, entre gosto erudito e gosto das massas, entre alta
cultura e baixa cultura, entre lógicas da distinção e lógicas
populares, entre estratégias de circulação restrita e
industrialização dos processos editoriais, entre o autêntico e o
artificial, etc.”
Pacheco,
Luiz, O
Grilo na Varanda – Luiz Pacheco para Laureano Barros
(Correspondência, 1966-2001),
transcrição, introdução e notas de João Pedro George, Lisboa,
Tinta-da-China, 2017, pp. 33-34.
Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra
Luís Filipe Cândido de Oliveira
198-
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