Carta das Caldas da Rainha de Luiz Pacheco para Laureano Barros, 28/10/66
“Como solução desesperada, mas pensada, de emergência, tentando evitar o pior, fui à Sertã dar-me à prisão. Ingenuidade minha e portuguesa: ali deparei com uma barafunda incalculável, o edifício do tribunal em obras, ninguém para me atender (prender). À portuguesa, século XX e daqui para trás. Fugi a rir muito, e com mais medo logo que soube que a cadeia, que supunha ao alto da vila, um autêntico sanatório, era num vale, cheia de água e musgo nas celas. Agora aguardo. De dia, a rir. Às noites, que não durmo, a ter pesadelos.”
Pacheco, Luiz, O Grilo na Varanda – Luiz Pacheco para Laureano Barros (Correspondência, 1966-2001), transcrição, introdução e notas de João Pedro George, Lisboa, Tinta-da-China, 2017, p. 72.
Sem comentários:
Enviar um comentário