"Em
Lisboa, as criancinhas são realmente importantes, pois
é frequente
que
sejam elas a única fonte de sustento das
suas famílias. Há
óptimas
leis sobre a utilização de crianças no trabalho ‒
excelentes,
de facto, mas que não abrangem as indústrias onde o trabalho
infantil é mais explorado.
Destas, as principais são as indústrias da
hotelaria e
da restauração.
Rapazinhos
de uniforme, pálidos
e cansados,
são vistos a abrir e fechar as portas dos elevadores nos hotéis de
Lisboa até à meia-noite, começando
a trabalhar de manhã cedo.
Os clubes nocturnos de Lisboa oferecem um emocionante início de vida aos rapazinhos de Lisboa. (…) Os portugueses têm um conceito de cortesia que os faz considerar como incorrecto o comportamento de uma mulher, mesmo uma prostituta, que aborda diretamente um homem; e, assim, há dezenas de rapazinhos nos clubes nocturnos a levar mensagens escritas das raparigas para os seus clientes. Começam a trabalhar por volta da meia-noite e terminam às cinco ou seis da manhã.
Os clubes nocturnos de Lisboa oferecem um emocionante início de vida aos rapazinhos de Lisboa. (…) Os portugueses têm um conceito de cortesia que os faz considerar como incorrecto o comportamento de uma mulher, mesmo uma prostituta, que aborda diretamente um homem; e, assim, há dezenas de rapazinhos nos clubes nocturnos a levar mensagens escritas das raparigas para os seus clientes. Começam a trabalhar por volta da meia-noite e terminam às cinco ou seis da manhã.
Quando
a Comissão
formada pela Liga
das Nações para investigar o tráfico de escravatura branca visitou
Lisboa, descobriu que, do total de prostitutas registadas, havia
1720
‒
cerca
de quarenta
por cento ‒
que
tinham menos de vinte
anos. Eis
o que uma madame
disse à
Comissão:
«Portugal
é o único país que eu conheço onde
uma rapariga de catorze
anos pode entrar para uma casa».
Quando
lhe
perguntaram
se «os
pais não levantam objecções»,
ela respondeu: «Eles
é
que as trazem
para aqui. As
raparigas mandam todo
o seu dinheiro para casa.»
Isto
foi em 1924. Mas se a
Comissão
visitasse
Lisboa novamente, ia
descobrir que as coisas não mudaram muito, apenas
se tornaram
menos públicas. Os
rapazes nos
cabarets
e as raparigas no[s]
bordéis ainda continuam
a
«mandar
todo
o seu dinheiro para casa».”
Fox, Ralph, Portugal Now, Lisboa, Tinta-da-China, 2006, pp. 107-109.
Ardinas, vendedores de jornais
Paulo Guedes
19??
Paulo Guedes
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