31 de maio de 2021

O fim do mundo ou o triunfo da morte

El fin del mundo (El triunfo de la muerte)
José Gutiérrez Solana
hacia 1932

    "Solana consideraba esta obra como la más importante de su producción, escribiendo sobre ella: “[…] hojeando la crónica de Nuremberg, he visto un grabado en madera: Septima aetas mundi-Imago mortis-. Representa unos esqueletos que salen de sus tumbas y bailan una danza que les suenan todos los huesos, se desternillan de risa, y los pocos pelos que conservan se levantan al aire; uno toca un serpentón de pistón. Y en la tabla El triunfo de la muerte de Pieter Brueghel, el Viejo, me ha parecido ver esta semejanza con los pájaros fritos en el carro lleno de calaveras y esqueletos, arrastrado por un penco amarillo y enfermo […]”." daqui

30 de maio de 2021

A mão de Santa Teresa de Jesus em Lisboa

Relicário, mão esquerda de Santa Teresa de Jesus

    "As carmelitas levaram consigo, para a Quinta do Candeeiro, a mão esquerda de Santa Teresa, que se venerava no Carmelo de Santo Alberto, e guardaram-na na capela, num «altar levantado na parede esquerda, entre a porta de entrada e a porta da sacristia»; capela feita em 1710 e atribuída a Lázaro Mongiardino, com entrada pelo pátio.
    Com o advento do regime republicano, o Carmelo da Estrada de Moscavide foi extinto e os seus bens reverteram para o Estado, nos termos do decreto de 8 de Outubro e de 31 de Dezembro de 1910. Por esta razão, as freiras do Candeeiro afastaram-se para Espanha, levando consigo a relíquia de Santa Teresa, e instalaram-se em Ronda-Málaga. Quando rebentou, no país vizinho, o movimento comunista, o convento de Ronda foi assaltado e a mão de Santa Teresa foi roubada pelo General Vilalba. Foi encontrada, depois, nas malas abandonadas do citado oficial e guardada pelo Generalíssimo Franco."

Delgado, Ralph, A antiga freguesia dos Olivais, Lisboa, Imprensa Municipal de Lisboa, 1969, pp. 57-58.

29 de maio de 2021

O labirinto de Versalhes


"Le bosquet du Labyrinthe, construit par André Le Nôtre sur ordre de Louis XIV, est d'abord un bosquet purement végétal. De nombreuses fontaines sont ajoutées dès 1673, contant les fables d’Ésope. Le bosquet est finalement détruit sous le règne de Louis XVI, pour laisser place au bosquet de la Reine. Aujourd’hui encore le souvenir de ce labyrinthe persiste comme étant l’un des plus myhtiques endroits disparus de Versailles, en raison notamment des nombreuses sculptures en plomb animées de jets d’eau et représentant des animaux." Daqui

O Amor e Esopo na entrada

28 de maio de 2021

A Estrada de Sacavém

    "A Estrada de Sacavém tinha seu começo no cunhal da Igreja de São Jorge de Arroios  do lado da sacristia  onde se lia o respectivo letreiro municipal, posteriormente substituído pelo de Rua Alves Torgo, e estendia-se até Sacavém, num percurso de cerca de quinze quilómetros."

Monteiro, João, A Estrada de Sacavém, Lisboa, Grupo «Amigos de Lisboa», 1952, p. 21.





Levantamento da Planta de Lisboa, 1904-1911, de Júlio António Vieira da Silva Pinto e Alberto de Sá Correia (daqui)

27 de maio de 2021

Maria no Alcorão

"23. E as dores do parto levaram-na a abrigar-se ao tronco da tamareira. Ela disse: “Quem dera houvesse morrido antes disto, e fosse insignificante objeto esquecido!"
24 . Então, abaixo dela, uma voz chamou-a: “Não te entristeças! Com efeito, teu Senhor fez correr, abaixo de ti, um regato.
25. “E move, em tua direção, o tronco da tamareira, ela fará cair, sobre ti, tâmaras maduras, frescas.
26, “Então, come e bebe e refresca de alegria teus olhos. E, se vês alguém, dos mortais, dize: ʽPor certo, fiz votos de silêncio aO Misericordioso, e, hoje, não falarei a humano algum.’” "

O Nobre Alcorão, tradução de Helmi Nasr, Medina, Complexo do Rei Fahd, s.d., p. 486. (daqui)

"with a figure of the Virgin Mary seated with the Christ Child on her lap"
 Iznik (Turquia)
ca. 1650

26 de maio de 2021

Bichos, partes pudendas, formigas e virilidade

"OBSERVAÇAM LXXXV. 
De hum homem que para se livrar da comichaõ, que certtos bichos lhe faziaõ nas partes pudendas, as untou muitas vezes com unguento de azougue, o qual lhe enfraqueceo tanto as ditas partes, que ficou incapaz de casar estando contratado para isso; neste aperto lhe aconselhei fomentasse muitas vezes as ditas partes do corpo com o oleo de espica, em que tivessem infundido cincoenta formigas que tem azas; ou que em falta dellas fomentasse algumas noites as partes pudendas com hum pouco de vinho fino, fervido com meya onça de grãos de pimenta machucados, que para os damnos que o azougue causa nestas partes he grande remedio. Tambem lhe aconselhei que muitas noites atasse algumas folhas de ouro sobre as mesmas partes; & foy Deos servido, que com estes taõ faceis remedios cobrasse a virilidade antiga, & ficasse capaz de effeituar o casamento que pertendia."

Semmedo, Joam Curvo, Observaçoens medicas doutrinaes de cem casos gravissimos, que em serviço da Patria, & das Nações estranhas escreve em lingua Portugueza, & Latina, Lisboa, na officina de Antonio Pedrozo Galram, 1707, p. 495. (daqui)

Pote de farmácia
Séc. XVIII 

25 de maio de 2021

A origem de tudo

Gustave Courbet (1819-1877)
L'origine du monde
1866

"Courbet n'a cessé de revisiter le nu féminin, parfois dans une veine franchement libertine. Mais avec L'Origine du monde, il s'autorise une audace et une franchise qui donnent au tableau son pouvoir de fascination. La description quasi anatomique d'un sexe féminin n'est atténuée par aucun artifice historique ou littéraire. Grâce à la grande virtuosité de Courbet, au raffinement d'une gamme colorée ambrée, L'Origine du monde échappe cependant au statut d'image pornographique. La franchise et l'audace de ce nouveau langage n'excluent pas un lien avec la tradition: ainsi, la touche ample et sensuelle et l'utilisation de la couleur rappelle la peinture vénitienne, et Courbet lui-même se réclamait de Titien et Véronèse, de Corrège, et de la tradition d'une peinture charnelle et lyrique."

24 de maio de 2021

LGBTQ+ no Eça de Queirós

 "Ao outro dia, casualmente, entrei no jardim de S. Pedro d'Alcantara — sitio que não pizára desde os meus annos de latim. E mal dera alguns passos, entre os canteiros, encontrei o meu antigo Chrispim, filho de Telles Chrispim & C.ª, com fabrica de fiação á Pampulha — camarada que não avistára desde o meu grau de bacharel. Era este o louro Chrispim, que outr'ora no collegio dos Isidoros me dava beijos vorazes no corredor, e me escrevia á noite bilhetinhos promettendo-me caixas com pennas d'aço. Chrispim velho morrera: Telles, rico e obeso, passára a Visconde de S. Telles: e este meu Chrispim agora era a Firma."

Queirós, Eça de, A Relíquia, Porto, Typ. de A. J. da Silva Teixeira, 1887, p. 430. (daqui)


[Jardim de São Pedro de Alcântara]
Joshua Benoliel
1909

23 de maio de 2021

Mulher a ler

Springtime
Monet
1872

"Monet moved to Argenteuil, a suburban town on the right bank of the Seine River northwest of Paris, in late December 1871. Many of the types of scenes that he and the other Impressionists favored could be found in this small town, conveniently connected by rail to nearby Paris. In this painting, Monet was less interested in capturing a likeness than in studying how unblended dabs of color could suggest the effect of brilliant sunlight filtered through leaves. During the early 1870s, Monet frequently depicted views of his backyard garden that included his wife, Camille, and their son, Jean. However, when exhibited at the Second Impressionist Exhibition in 1876, this painting was titled more generically, "Woman Reading."

22 de maio de 2021

Azinhagas em Lisboa

Azinhaga da Bruxa
Artur João Goulart
1961


"Azinhaga" in Bluteau, Rafael, Vocabulario Portuguez e latino, vol. 1, letra A, Coimbra, Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712, p. 696. Daqui



Morais, Inácio Paulino de, Itinerario lisbonense ou directorio geral de todas as ruas, travessas, becos, calçadas, praças, etc. que se comprehendem no recinto da cidade de Lisboa, com os seus proprios nomes, principio, e termo, indicados dos lugares mais conhecidos, e geraes, para utilidade, uso, e commodidade dos estrangeiros, e nacionaes, Lisboa, Impressão Régia, 1804, p. 139 (daqui): 

Azinhaga de Vale de Pereiro


Azinhagas por ordem alfabética no Atlas da carta topográfica de Lisboa, levantada em 1856, 1857 e 1858, sob a direcção do conselheiro Filipe Folque, por Carlos Pezerat, Francisco Goullard e César Goullard (daqui):

azinhaga do Areeiro
azinhaga das Baldacas
azinhaga do Cabeço de Bola
azinhaga das Cangalhas
azinhaga do Conde de São Lourenço
azinhaga do Domingos Tendeiro
azinhaga da Galinheira
azinhaga de Lázaro Verde
azinhaga do Leão
azinhaga dos Moinhos de Santo Amaro
azinhaga das Passadeiras
azinhaga das Pedreiras
azinhaga do Pina
azinhaga da Quinta do Alterada
azinhaga da Quinta do Alto dos Prazeres
azinhaga das Quintas do Loureiro
azinhaga dos Setes Castelos
azinhaga da Torrinha
azinhaga dos Toucinheiros
azinhaga do Vale Escuro
azinhaga do Vale de Pereiro


Vellozo, Eduardo O. Pereira Queiroz, Roteiro das ruas de Lisboa e Concelho de Loures, 1890, p. 25 ss. (daqui):
Azinhaga do Alto do Pina
Azinhaga dos Ameixiais
Azinhaga dos Barros
Azinhaga do Bruxo
Azinhaga das Calvanas
Azinhaga dos Carmelitas
Azinhaga do Ceboleiro
Azinhaga do Cerrado
Azinhaga de Chelas
Azinhaga do Conde de Azambuja
Azinhaga dos Coruchéus
Azinhaga dos Coruchéus
Azinhaga da Feiteira
Azinhaga do Ferro
Azinhaga da Fonte
Azinhaga da Fonte do Louro
Azinhaga da Fonte Velha
Azinhaga das Freiras
Azinhaga das Freiras de Arroios
Azinhaga da Galinheira
Azinhaga das Lages
Azinhaga dos Milagres
Azinhaga das Murtas
Azinhaga da Musgueira
Azinhaga do Ourives
Azinhaga do Paio Mendes
Azinhaga dos Pintores
Azinhaga do Poço do Mira
Azinhaga do Rego
Azinhaga da Torre
Azinhaga da Torrinha
Azinhaga de Vale de Pereiro
Azinhaga do Vimieiro

Azinhagas por ordem alfabética no Levantamento da Planta de Lisboa, 1904-1911, 
de Júlio António Vieira da Silva Pinto e Alberto de Sá Correia (daqui):
Azinhaga da Alagueza
Azinhaga da Barroca
Azinhaga da Bela Vista
Azinhaga da Brasileira
Azinhaga da Bruxa
Azinhaga da Casquilha
Azinhaga da Ceboleira
Azinhaga da Cera
Azinhaga da Chanca
Azinhaga da Conceição
Azinhaga da Cova da Onça
Azinhaga da Cruz
Azinhaga da Cruz da Pedra
Azinhaga da Cuca
Azinhaga da Farinheira
Azinhaga da Feiteira (Benfica)
Azinhaga da Feiteira (junto à estrada de Sacavém)
Azinhaga da Flamenga
Azinhaga da Fonte (Carnide)
Azinhaga da Fonte (Olivais)
Azinhaga da Fonte do Louro
Azinhaga da Fonte Velha
Azinhaga da Galharda
Azinhaga da Galinheira
Azinhaga da Graça
Azinhaga da Inglesa
Azinhaga da Joaninha
Azinhaga da Leonarda
Azinhaga da Luz
Azinhaga da Maruja
Azinhaga da Mina
Azinhaga da Misericórdia
Azinhaga da Mocha
Azinhaga da Murta (Campo Grande)
Azinhaga da Murta (entre a estrada de Sacavém e a estada da Circunvalação)
Azinhaga da Peça
Azinhaga da Pentieira
Azinhaga da Ponte Velha
Azinhaga da Quinta da Calçada
Azinhaga da Quinta Nova da Bela Vista
Azinhaga da Quinta Seca
Azinhaga da Raposa
Azinhaga da Torre
Azinhaga da Torre do Fato
Azinhaga da Torrinha
Azinhaga da Troca
Azinhaga da Vila Formosa
Azinhaga das Areias (entre a estrada das Amoreiras e a Charneca)
Azinhaga das Areias (perto do Paço do Lumiar)
Azinhaga das Bruxas (entre a azinhaga das Carmelitas e a azinhaga da Pentieira)
Azinhaga das Bruxas (perto do Paço do Lumiar)
Azinhaga das Cacheiras
Azinhaga das Cadetas
Azinhaga das Calvanas
Azinhaga das Calveias
Azinhaga das Carmelitas
Azinhaga das Cerejeiras
Azinhaga das Conchas
Azinhaga das Conchinhas
Azinhaga das Figueiras
Azinhaga das Freiras
Azinhaga das Lages
Azinhaga das Queimadas
Azinhaga das Teresinhas
Azinhaga das Veigas
Azinhaga das Velhas
Azinhaga de Entremuros
Azinhaga de Santa Catarina
Azinhaga de Santa Luzia
Azinhaga de Santa Susana
Azinhaga de São Gonçalo
Azinhaga de São João
Azinhaga de Vale Fundão
Azinhaga do Alcaide
Azinhaga do Alentejão
Azinhaga do Alto do Varejão
Azinhaga do Areeiro
Azinhaga do Armador
Azinhaga do Asno
Azinhaga do Baptista
Azinhaga do Beco
Azinhaga do Broma
Azinhaga do Búzio
Azinhaga do Cabecinho
Azinhaga do Casal das Rolas
Azinhaga do Castelo Picão
Azinhaga do Conde de Azambuja
Azinhaga do Correio-Mor
Azinhaga do Curral
Azinhaga do Fidié
Azinhaga do Forno Novo
Azinhaga do Frade
Azinhaga do Jogo da Bola
Azinhaga do Lavadinho
Azinhaga do Leal
Azinhaga do Loureiro
Azinhaga do Louro
Azinhaga do Monturo
Azinhaga do Ourives ou do Cavaco
Azinhaga do Paço do Lumiar
Azinhaga do Pai Lerpa
Azinhaga do Pasteleiro
Azinhaga do Perdigão
Azinhaga do Piçarra
Azinhaga do Pinhal
Azinhaga do Pintassilgo
Azinhaga do Planeta
Azinhaga do Poço de Baixo
Azinhaga do Poço de Cortes
Azinhaga do Porto
Azinhaga do Preto
Azinhaga do Ramalho
Azinhaga do Reguengo
Azinhaga do Rio da Velha
Azinhaga do Sandre
Azinhaga do Sola
Azinhaga do Vale
Azinhaga do Vale Escuro
Azinhaga do Vale Formoso de Cima
Azinhaga do Vale Fundão
Azinhaga dos Alfaiates
Azinhaga dos Alfinetes
Azinhaga dos Ameixiais
Azinhaga dos Barros
Azinhaga dos Buracos
Azinhaga dos Caniços
Azinhaga dos Cântaros
Azinhaga dos Cerejais
Azinhaga dos Coruchéus
Azinhaga dos Feios
Azinhaga dos Frenesins
Azinhaga dos Grizos
Azinhaga dos Lameiros
Azinhaga dos Manicotes
Azinhaga dos Milagres
Azinhaga dos Mouzinhos
Azinhaga dos Ourives
Azinhaga dos Soeiros
Azinhaga dos Toucinheiros
Azinhaga para Camarate
Azinhaga Velha
Azinhaguinha

21 de maio de 2021

Polifilo

Hypnerotomachia Poliphili (Batalha de Amor em Sonho de Polifilo)

    "Incunábulo do século XV, datado de dezembro de 1499 (publicação), e atribuído a Francisco Colonna; presume-se que o autor seja um religioso da Ordem de São Domingos (mosteiro dos Santos João e Paulo de Veneza), visto que se encontrou um registo do início do século XVI do pedido de reembolso por parte da Ordem relativo a um empréstimo concedido a este monge para que pudesse publicar uma obra. Contudo, foram feitas outras atribuições de autoria ao longo dos tempos, estando entre os autores apontados por estudiosos Lourenço de Médicis e Leon Battista Alberti. O livro saiu da oficina do prestigiado impressor veneziano Aldus Manutius, tendo sido custeado por Leonardo Grassi, de Verona, e impresso num tipo de letra denominado "Bembo". 
O título deste incunábulo significa "A luta amorosa de Poliphilo num sonho", e a edição original está ilustrada com enigmáticas imagens pelo processo da xilogravura. Estas ilustrações (em número de 174 e atribuídas por alguns a Benedetto Bordon) ajudam figurativamente à compreensão do texto, que é bastante denso e se torna frequentemente incompreensível por ser composto por uma teia de trechos sobre assuntos tão variados como a música, a literatura e a arquitetura inseridos na narrativa das aventuras de Poliphilo que, num sonho, parte em busca da ninfa Polia. 
Cenas mitológicas, eróticas e misteriosas desenrolam-se em diversos cenários, entre os quais labirintos e bosques. A diversidade de assuntos tratados nesta obra pode prender-se com o título e com os nomes dos principais personagens (Polia, que em grego significa "muito", e Poliphilo, derivado do grego e significando "que gosta de muito") indicam um amor pela variedade e a procura incessante da mesma. As constantes alusões temáticas, figurativas e etimológicas (um exemplo é, como vimos, os nomes das personagens principais) às Antiguidades grega e romana são características da época renascentista. O texto está escrito em italiano, com palavras em (ou derivadas do) hebraico, latim, grego, árabe e mesmo algumas inventadas pelo autor." Daqui

20 de maio de 2021

Fonte da Samaritana

Fonte da Samaritana 
séc. XVI
Proveniência: cerca do Convento da Madre de Deus

    "Fonte com baixo-relevo alusivo ao episódio bíblico que relata o encontro de Jesus com a mulher de Samaria junto ao poço de Jacob, cujo diálogo é possível identificar parcialmente através da inscrição latina de uma das legendas que rodeiam as figuras: “Quem beber da água que eu lhe der libertar-se-á/ terá vida eterna“.
    Foi construída à beira da estrada junto ao Tejo, encostada ao Convento de Nossa Senhora da Madre de Deus, fundado em Xabregas no ano de 1509, por D. Leonor, viúva de D. João II (1481 – 1495), fazendo parte do sistema de abastecimento de água às zonas limítrofes da cidade. Encomendado provavelmente pela soberana a uma oficina local, enquadra-se numa estética de gosto renascentista." Daqui

19 de maio de 2021

D. Quixote, Stendhal e Jacinto

    "Don Quijote made me die laughing. Kindly deign to consider that since the death of my poor mother I hadn’t laughed; I was the victim of the most unwaveringly aristocratic and religious education. My tyrants hadn’t let up for a moment. All invitations were refused.
(...)
    Judge of the effect of Don Quijote in the midst of such awful joylessness! The discovery of that book, read beneath the second lime-tree in the walk beside the sunken parterre where the ground was a foot lower, and where I used to sit, is perhaps the greatest period of my life. 
    And would you believe it? My father seeing me in fits of laughter, came and reprimanded me, threatened to take the book away, which he did several times, and led me off into his fields in order to explain to me his schemes for repairs (improvements, betterments). 
    Disturbed even when reading D[on] Quijote, I hid in the arbour, a small walled den of greenery at the eastern end of the clos (small park)."

StendhalThe Life of Henry Brulard, New York, New York Review of Books, 2016.

Álbum para coleccionar las envolturas de los caramelos del Quijote de la casa Matías López
1900?

    "Em breve porém, me fez pular, escancarar as palpebras molles, uma rija, larga, sadia e genuina risada. Era Jacintho, estirado n'uma cadeira, que lia o D. Quixote... Oh bem aventurado Principe! Conservára elle o agudo poder de arrancar theorias a uma espiga de milho ainda verde, e por uma clemencia de Deus, que fizera reflorir o tronco secco, recuperára o dom divino de rir, com as facecias de Sancho!"

Queiroz, Eça de, A cidade e as serras, 1ª ed., Porto, Livraria Chardron, 1901, p. 249. Daqui

17 de maio de 2021

Dama, macaco e unicórnio

"Lady adjusting blue trappings on unicorn, bridle held by monkey."
Book of Hours - Hours of Engelbert of Nassau
Flandres
ca. 1470-1490

"Illumination attributed to the Master of Mary of Burgundy. Written with calligraphic flourishes by a scribe possibly to be identified with Claas Spierinc."

Oxford, Bodleian Library MS. Douce 219, fol. 096v. Daqui

15 de maio de 2021

Leituras

Leti, Gregorio, Critique historique, politique, morale, économique & comique sur les lotteries, anciennes & modernes, spirituelles, & temporelles, des etats, & des eglises, tome premier, Amsterdam, chez Theodore Boeteman, 1697. Daqui

13 de maio de 2021

Relógio

Automaton clock
Alemanha
ca. 1600-1615

"A clock composed of a revolving globe supported on stylized tree trunk beside a black man who points to the hour with a spear. A cockerel lies at his feet. The figure stands on a pierced drum with a spreading base and three bun feet." Daqui

12 de maio de 2021

Fridolin ou le page du roi de Portugal - O pajem da rainha

"Fridolin ou le page du roi de Portugal

Robert chasseur du roi, fait le serment de perdre Fridolin, qui par son talent et ses vertus se faisait chérir de la pieuse reine Elisabeth.

Robert fait au roi de faux rapports sur Fridolin.

Le roi donne l’ordre aux forgeurs de jeter dans les fourneaux, le premier serviteur que viendra les surveiller et ordonne à Fridolin de se rendre à la forge.

La reine prie Fridolin d’assister à la messe avant de partir, et de prier pour son fils malade.

Fridolin sert la messe et evite ainsi le malheur d’etre brulé innocemment.

Robert curieux d’apprendre la mort de Fridolin et ignorant qu’il est à la messe, se trouve le premier à la forge, et est brulé tout vif.

Fridolin arrivant à la forge, apprend la mort de Robert, et le crime dont il l’avait faussement accusé.

Le roi apprenant la fausseté du rapport de Robert et sa mort rend sa confiance à Fridolin."

Fridolin ou le page du roi de Portugal, Holanda, Glenisson & Zonen, 1856-1900. Daqui


"174. O PAGEM DA RAINHA

Teve a rainha Santa Izabel um pagem ou criado de camara, que servia de seu esmoler, e outras obras pias e caritativas em que a santa rainha de continuo se occupava; era este moço de boas partes, que foi a herança que seu pae lhe deixou, segundo conta Henrique Gran, que estando para morrer lhe disse: — Filho, a melhor herança que te posso deixar é dar-te este conselho, que sejas muito virtuoso e que ouças cada dia missa inteira e sejas muito devoto da Virgem nossa senhora. Estas e outras cousas santas lhe encommendou. N'este tempo tinha elrei Dom Diniz outro pagem muito seu privado e querido; este vendo a privança que o outro tinha com a rainha, por inveja e por mais cahir em graça delrei, determinou de lhe levantar um falso testemunho e pôl-o em mal com elrei; e foi este que affirmou que a rainha tinha uma affeição má; como o rei vivia não mui honestamente, pouco bastou logo para lhe dar credito, e assi d'ali por diante andava pensativo, triste, malenconizado, vivendo com muita desconfiança da rainha pelo que seu pagem lhe tinha dito, determinou de o matar secretamente, e sahindo aquelle dia a passear, passou por onde estavam ardendo uns fornos de cal, e chamando de parte os homens que n'elles trabalhavam, lhes mandou que a um criado da camara que elle enviaria com um recado: — se tinham feito o que elrei lhe tinha mandado? — o arrebatassem logo e o lançassem dentro no forno para que assi se fizesse em pó e em cinza, porque assi convinha ao seu serviço. Ao outro dia pela manhã mandou o pagem da rainha que fosse logo com este recado, para que os homens puzessem em execução o que lhes tinha mandado; mas nosso senhor, que nunca falta aos seus e acode aos innocentes, ordenou que em passando este moço tangessem no mosteiro de S. Francisco (que estava em caminho) á missa, e entrando esteve-a ouvindo até o cabo, e ainda outras duas, que se começaram.

N'este tempo desejando elrei saber se era já morto, mandou ao pagem da camera (que era aquelle que o havia accusado levantando-lhe o falso testemunho) e lhe disse:

— Vae ao forno a saber se tem já feito o que mandei; foi e dando o recado, arrebataram-no os homens e vivo o metteram no forno. N'este tempo acabando o moço innocente e sem culpa de ouvir as missas, foi dar o recado que elrei lhe tinha dito, se haviam feito o que sua alteza lhes havia mandado, e dizendo elles — que si, se volveu com a resposta a Elrei, o qual vendo e considerando que havia acontecido este negocio ao revés de como elle havia mandado, e tornando-se ao pagem o começou a reprehender, perguntando-lhe d'onde havia estado tanto tempo? Respondeu elle: — Senhor, indo a cumprir o mandado de vossa alteza, tangendo a Missa entrei dentro, e ouvi aquella missa até o cabo, e antes que aquella se acabasse começaram duas, e assi ouvi todas trez até o cabo, porque assi m'o encommendou meu pae e deixou por benção, que todas as missas que visse começar estivesse a ellas até o fim. Então viu elrei por este juizo de Deus as falsidades, e veiu a cahir na conta da verdade e a conhecer a innocencia da santa rainha, e a fidelidade e virtude de criado, e assi lançou a má imaginação que trazia contra a rainha.

(Baculo pastoral, I, 148.)"


Braga, Teophilo, Contos tradicionaes do povo portuguez com um estudo sobre a novellistica geral e notas comparativas, vol. II, Historias e Exemplos de thema tradicional e fórma litteraria, Porto, Livraria Universal, [1883], pp. 133-134. Daqui

11 de maio de 2021

Radiestesia e o vedor da água

"Dowsing, in occultism, use of a forked piece of hazel, rowan, or willow wood or of a Y-shaped metal rod or of a pendulum suspended by a nylon or silk thread, in an attempt to detect such hidden substances as water, minerals, treasure, archaeological remains, and even dead bodies."Daqui

Lebrun, Pierre, Histoire critique des pratiques superstitieuses qui ont séduit les peuples, et embarrassé les scavans, avec la méthode et les principes pour discerner les effets naturels d'avec ceux qui ne le sont pas, seconde edition augmentée, tome second, Paris, la Veuve Delaulne, 1732 (entre p. 324 e p. 325). Daqui

"Vêdor" in Bluteau, Rafael, Vocabulario Portuguez e latino, vol. 8, letras T-Z, Lisboa, Officina de Pascoal da Sylva, 1721, pp. 378-380. Daqui

10 de maio de 2021

Tolstoi e Antero

    "On March 15, 1889, Leo Tolstoy noted in his diary: 

    Got up early again, worked a lot. Read Quental. Good. He says he has found out that regardless of any irrefutable proofs (determinism) of the dependence of life upon external causes, freedom does exist-but it exists only for the saint. For the saint the world ceases to be a prison. On the contrary, he (the saint) becomes the master of the world, because he is its supreme interpreter. 'Only through him does the world know why it exists. Only he fulfills the purpose of the world.' Good. 

    The editors of the ninety-volume Jubilee Edition of Tolstoy's works, diaries, and letters provide no commentary on this passage except to identify the name Quental as "Anthero de Kental (1842-1891), Portuguese poet," misspelling the name in Latin letters immediately after quoting the correct form written by Tolstoy. This is the only mention of Quental in all of Tolstoy's published writings, and nobody has ever explained how Tolstoy happened to read him-or what he actually read-on March 15, 1889."

Edgerton, William B., “Tolstoy and Magalhães Lima” in Comparative Literature, vol. 28, n.º 1, 1976, pp. 51-64. Daqui


Retrato de Antero de Quental
Columbano Bordalo Pinheiro
1889

9 de maio de 2021

Filho da Puta

Filho da puta
John Frederick Herring I

    "John Frederick Herring (Senior) was a stage-coachman turned animal painter. He drove the High Flyer stagecoach between London and York for four years before devoting himself to painting pictures. For many years he worked in the Doncaster area and painted 33 consecutive winners of the St Leger. He also painted pictures for George IV and Queen Victoria. 
Filho da Puta was the winner of the 1815 St Leger. The horse was owned by Sir William Maxwell and ridden to victory in the race by John Jackson." Daqui

8 de maio de 2021

Generosos e ciumentos

    "Les portugais sont polis, généreux, bons soldats, et économes, mais vindicatifs: ils ne sont ni si vains, ni si si présomptueux que les espagnols: il sont très-sociables quoiqu'aussi jaloux de leurs femmes. Ils portent toujours un manteau, et ne diffèrent presqu'en rien de l'espagnol pour le costume."

Grasset de Saint-Sauveur, Jacques, Encyclopédie des voyages, contenant l'abrégé historique des moeurs, usages, habitudes domestiques, religions, sciences,..art et commerce de tous les peuples, volume 2, [Paris], l'auteur,1796. Daqui

7 de maio de 2021

Ler

Saint Paul seated reading
After Jacob de Gheyn III
about 1620

"Jacob de Gheyn III learned painting and engraving from his father, Jacob de Gheyn II. It’s unclear if this painting is a copy after de Gheyn III’s etching of the same subject, or if the painting was made first." Daqui

5 de maio de 2021

Dois homens

Two Men Meet, Each Believing the Other to Be of Higher Rank (Zwei Männer, einander in höherer Stellung vermutend, begegnen sich) from the series Inventions (Inventionen)
Paul Klee
1903

4 de maio de 2021

Gatos Angorá em Lisboa

Lisboa, Mayo 1909
Su hermana, María Victoria



"Lisboa, 28 Mayo
Querido hermano:
Escribame, pues tengo muchos deseos de tener noticias de uds. - Aqui em Lisboa venden gatos de Angora muy bonitos. Hoy vamos à ir al jardín de aclimatación a ver si encontramos uno bien chiquito todo blanco para comprarlo.
Esperandome sí lo abraza
María Victoria

Monsieur A. Edwards

“Grand Hotel”
Santiago
Chile
Sud Amérique"


"[Postal] 1909 mayo 28, Lisboa, portugal [a] Joaquín Edwards Bello, Santiago, Chile [manuscrito] María Edwards Bello." Daqui

3 de maio de 2021

1 de maio de 2021

Livros à mão cheia

Excerto do poema "O Livro e a América"
Alves, Castro, Espumas fluctuantes: poesiasBahia, Typ. de Camillo de Lellis Masson, 1870, p. 4. Daqui


La bibliothèque en feu
Maria Helena Vieira da Silva
1974