24 de dezembro de 2020

Diabo e bruxas - beijo no cu

     "A tradição de um demónio nadegudo foi, além disso, a mais forte, e as testemunhas dos processos de bruxaria referem frequentemente o prazer especial que o Diabo punha ao exibir o seu traseiro e ao reclamar a homenagem dos seus adoradores no decorrer do sabbat. Isto, porque tinham de o beijar. E, assim, se ficou a saber que, tal como a sua mão e o seu esperma, o cu de Satanás era frio.
    Há seguramente algo de arrebatador no beijo no cu. Porque é um beijo que se dá na escuridão: os olhos são engolidos pela carne, inteiramente aspirados por este buraco escuro. Em suma, é um beijo que deslumbra. E, no beijo das bruxas, é talvez este amor ilimitado que era tão deslumbrante. Ainda por cima, é impossível confundir os dois orifícios, o de cima e o de baixo, o orifício que recebe (a boca) e o orifício que devolve (o ânus); foi por isso que o beijo no traseiro foi considerado degradante. E foi também por isso que o ânus se tornou no grande espantalho da Igreja. A alma não podia ser comprometida num tal beijo, ela não devia unir-se ao cu através do beijo."

Hennig, Jean-Luc, Breve História das Nádegas, Lisboa, Terramar, 1997, p. 22. 

Witches' Sabbath. Man initiated by witches paying homage to the devil in the form of a goat. Couples dancing in the background and witches flying on brooms (Daqui)

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