"O espírito da igreja vem, sim, da Mafra joanina, como veio a razão da edificação, e o atraso desta para depois do consulado pombalino tem aí a sua explicação. É obra da corte reacionária de D. Maria, quando, com ódio ao ministro todo-poderoso, "ressuscitavam os mortos" da prisão da Junqueira, e gosto de uma corte empobrecida mas avara de respeito, que era necessariamente barroco — por cima de um terceiro quarto de século pautado pelo Iluminismo possível que se traduziu, sobretudo em Lisboa, pela geometria de um urbanismo racional, importado económica e politicamente, feito a compasso e esquadro, no vale arrasado da Baixa... Pela Baixa já passámos, como vimos, mas agora, na Estrela, há que lembrar a obra pombalina para entender a mariana que contra ela ideologicamente se virava — lembrando também outra arquitectura que igualmente de passagem observámos no S. Carlos."
França, José-Augusto, 28: Crónica de um percurso, Lisboa, Livros Horizonte, 2016, p. 145.
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