“A
conjugação de crescimento rápido – com as cidades a
expandirem-se e as comunidades urbanas e suburbanas a serem
transformadas – e a subsequente estagnação económica trouxeram à
Europa Ocidental não só uma nova ameaça de insegurança económica,
algo que era desconhecido para muitos europeus desde finais da década
de 40, mas também maior perturbação social e risco físico do que
em qualquer outra altura desde o início da Revolução Industrial.
Hoje, vemos por toda a Europa cidades-satélite desoladoras,
subúrbios degradados, e guetos urbanos sem futuro. Mesmo as grandes
capitais – Londres, Paris, Roma – já não são tão limpas,
seguras ou plenas de esperança como eram há 30 anos. Elas e dezenas
de cidades de província, de Lyon a Lübeck, estão a criar uma
classe urbana de excluídos, que se divide entre os que são
detestados, geralmente estrangeiros, amiúde de pele escura, e os que
detestam (jovens, predominantemente homens, quase todos brancos). Se
esta evolução deprimente dos últimos 20 anos ainda não teve
consequências políticas e sociais mais explosivas, o mérito
deve-se ao sistema de segurança social com que os europeus
ocidentais se muniram após 1945.”
Judt, Tony, Uma Grande Ilusão? Um Ensaio sobre a Europa, Lisboa, Edições 70, 2012, p. 99.
Suburban Train
Gerd Winner
1970
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