19 de julho de 2022

Classe urbana de excluídos

     A conjugação de crescimento rápido – com as cidades a expandirem-se e as comunidades urbanas e suburbanas a serem transformadas – e a subsequente estagnação económica trouxeram à Europa Ocidental não só uma nova ameaça de insegurança económica, algo que era desconhecido para muitos europeus desde finais da década de 40, mas também maior perturbação social e risco físico do que em qualquer outra altura desde o início da Revolução Industrial. Hoje, vemos por toda a Europa cidades-satélite desoladoras, subúrbios degradados, e guetos urbanos sem futuro. Mesmo as grandes capitais – Londres, Paris, Roma – já não são tão limpas, seguras ou plenas de esperança como eram há 30 anos. Elas e dezenas de cidades de província, de Lyon a Lübeck, estão a criar uma classe urbana de excluídos, que se divide entre os que são detestados, geralmente estrangeiros, amiúde de pele escura, e os que detestam (jovens, predominantemente homens, quase todos brancos). Se esta evolução deprimente dos últimos 20 anos ainda não teve consequências políticas e sociais mais explosivas, o mérito deve-se ao sistema de segurança social com que os europeus ocidentais se muniram após 1945.”

Judt, Tony, Uma Grande Ilusão? Um Ensaio sobre a Europa, Lisboa, Edições 70, 2012, p. 99.


Suburban Train

Gerd Winner
1970

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