17 de julho de 2022

Campesinato europeu

 Desde finais do século XIX que a Europa, tanto a Leste como a Ocidente, sofre de excesso de população rural. Apesar da migração para as cidade e da emigração para a América do Norte e do Sul, muito do campesinato europeu mal conseguia viver do seu trabalho. Depois da I Guerra Mundial, a situação agravou-se, pois os preços dos produtos agrícolas caíram três vezes mais depressa do que os dos bens não-agrícolas. Os governos democráticos pouco podiam fazer para aumentar o preço dos produtos agrícolas sem antagonizarem os seus eleitorados urbanos, e, nas circunstâncias económicas dos anos entre as duas guerras, também não estavam em situação de investir bastante em apoios à produção agrícola. Os regimes autoritários, em Espanha, Portugal e Itália, e na Europa de Leste, tentaram impor políticas destinadas a garantir a autarcia agrícola, mas estas revelaram-se um desastre económico. As elevadas taxas de desemprego nas cidades impediam que os agricultores e trabalhadores agrícolas com trabalhos parciais ou mal pagos tivessem uma ocupação alternativa. Por isso, em vários países, um campesinato deprimido, e com direito a voto, virou-se para os partidos populistas ou fascistas que prometiam uma solução para as suas queixas.”

Judt, Tony, Uma Grande Ilusão? Um Ensaio sobre a Europa, Lisboa, Edições 70, 2012, pp. 30-31.


Carro de bois
José Artur Leitão Bárcia
[entre 1890 e 1945]

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