29 de junho de 2022

Scouts em Oxford e bedders em Cambridge

    “Em linha com uma longa tradição, tanto Oxford como Cambridge empregavam pessoal cuja tarefa exclusiva era cuidar dos jovens. Em Oxford, estas pessoas eram conhecidas como «scouts»; em Cambridge, eram os «bedders». A distinção era uma questão de convenção – embora as palavras sugerissem uma nuance interessante na forma de supervisão que se exigia que executassem – mas a função era idêntica. Dos bedders, tal como dos scouts, esperava-se que acendessem a lareira (nos tempos em que era este o aquecimento), limpassem os quartos dos jovens cavalheiros, fizessem as camas e mudassem os lençóis, se encarregassem de pequenas compras e, em geral, lhes prestassem todo o tipo de serviços que se presumia que a educação dos jovens cavalheiros os habituara.
    É verdade que na descrição de funções estavam implícitos outros pressupostos. Os estudantes de Oxbridge, julgava-se, eram incapazes de desempenhar estas tarefas subalternas: porque nunca as tinham feito mas também porque as suas aspirações e interesses os punham acima de tais preocupações. Além disso, e talvez acima de tudo, o bedder era responsável por manter debaixo de olho a condição moral de quem tinha a seu cargo (em Oxford, os scouts por vezes eram homens, embora isso fosse raro na década de 60; na minha experiência, os bedders eram quase sempre mulheres).
(...)
    A maioria dos bedders eram senhoras de alguma idade, geralmente de famílias locais que já estavam ao serviço da faculdade ou da universidade há imenso tempo. Estavam, por isso, familiarizadas com a cultura de «serviço» e a interação sutil entre autoridade e humildade intrínseca às relações senhor/servo."

Judt, Tony, O Chalet da Memória, Lisboa, Edições 70, 2011, pp. 105-107.



King's College, Chapel and Clare Hall in the University of Cambridge

Richard Harraden

1797

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