13 de junho de 2022

Esclerose lateral amiotrópica

     Sofro de uma doença motora neurológica, no meu caso, uma variante de esclerose lateral amiotrópica (ELA): a doença de Lou Gehrig. As doenças motoras neurológicas não são raras: a doença de Parkinson, a esclerose múltipla e uma série de outras doenças menores, todas se inserem nesta designação. O que é característico da ELA ─ a menos comum desta família de doenças neuromusculares ─ é que, primeiro, não há perda de sensação (uma bênção dúbia) e, segundo, não há dor. Ao contrário de quase todas as outras doenças mais graves ou mortais, ficamos livres para contemplar à vontade, e com um desconforto mínimo, a progressão catastrófica da nossa própria deterioração.
    Com efeito, a ELA constitui uma prisão progressiva sem fala. Primeiro, perde-se o uso de um ou dois dedos; depois, um membro; depois, e quase inevitavelmente, os quatro. Os músculos do tronco definham quase ao ponto do torpor, um problema concreto do ponto de vista digestivo mas que também põe a vida em risco, pois respirar torna-se a princípio difícil e, com o tempo, impossível sem ajuda externa, na forma de um aparelho com bomba de ar e tubo. Nas variantes mais extremas da doença, a par da disfunção dos neurónios motores superiores (o resto do corpo é conduzido pelos chamados neurónios motores inferiores), torna-se impossível engolir, falar e até controlar o maxilar e a cabeça. Não sofro (ainda) deste aspeto da doença, caso contrário não conseguiria ditar este texto.” 

Judt, Tony, O Chalet da Memória, Lisboa, Edições 70, 2011, pp. 23-24.

"Serpent mask of Tlaloc, in the form of two intertwined and looped serpents worked in contrasting colours of turquoise mosaic."
1400-1521
Mexico

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