“Nas paredes dos prédios em construção, nos jardins, nos lavatórios, vê-se o emblema comunista da foice e do martelo desenhado com tinta ou com giz. O governo está em pânico porque anda uma força misteriosa a gravar o emblema da foice e do martelo nas velas da caravela que ornamenta a moeda de dez escudos. No início, começaram por declarar que era ilegal pagar com esse dinheiro marcado, mas as moedas tornaram-se tão vulgares que a medida acabou por se revelar inaplicável. Tinham de ser aceites, mas se pagássemos com uma delas já sabíamos que a polícia secreta nos submeteria a um interrogatório para tentar descobrir a sua origem. Em Lisboa, toda a gente falava das moedas de dez escudos. É um truque infantil, sem dúvida, mas foi suficiente para assustar a ditadura, com a sua polícia e as suas poderosas forças armadas.”
Fox, Ralph, Portugal Now, Lisboa, Tinta-da-China, 2006, pp. 114-115.
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