“Felizmente, não aconteceu o que eu temia. Ao contrário dos ingleses, os portugueses gostam de ser observados e fotografados e uma das raparigas para ser autorizada a prostrar-se diante da câmara, até soltou os seus cabelos com três pés de comprimento! Fizemos um estrondoso êxito social. Os alunos interromperam a aula com licença da professora, para figurarem numa fotografia em frente à escola. Que se passaria? A certa altura, vi que algumas pessoas, vindas do alto da serra, se dirigiam ao dono da máquina fotográfica, transportando consigo uma bonita caixa branca do género dos baús de bonecas. Coloquei os óculos para ver melhor, mas imediatamente me arrependi e voltei a tirá-los. Era o cadáver de um bebé. O senhor inglês abanando a cabeça desoladamente, afastou-se rapidamente. Era um espectáculo pavoroso, horrível para nós, embora o não fosse tanto para os portugueses que vulgarmente fotografam os seus mortos.”
Gibbons, John, Não Criei Musgo. Retrato de uma Aldeia Transmontana, Carrazeda de Ansiães, Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, 2004, p. 148.
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