“Um ano ou dois mais tarde fui visitar um amigo que estudava numa
universidade alemã – Göttingen, creio. «Revolução», na
Alemanha, afinal significava algo muito diferente. Ninguém se
divertia. Para um olhar inglês, toda a gente parecia
indescritivelmente séria – e assustadoramente preocupada com sexo.
Isto era algo novo: os estudantes ingleses pensavam muito em sexo,
mas, surpreendentemente, faziam pouco; os estudantes franceses eram
muito mais ativos sexualmente (pelo menos assim me pareceu), mas
mantinham o sexo e a político separados. Exceto por uma ou outra
palavra de ordem de «faz amor, não a guerra», a política dos
estudantes franceses era intensa e absurdamente teórica e árida. As
mulheres participavam – quando participavam – para fazer café e
como companheiras de cama (e como acessório visual para os
fotógrafos de imprensa). Não admira que o feminismo radical tenha
vindo logo a seguir.
Mas
na Alemanha, a política era sobre sexo – e o sexo em grande parte
sobre a política. Ao visitar uma residência estudantil (todos os
estudantes alemães que conheci pareciam viver em comunas,
partilhando grandes apartamentos antigos e as companheiras uns dos
outros) fiquei espantado quando descobri que os meus contemporâneos
na Bundesrepublik acreditavam realmente naquilo que diziam. Segundo
me explicaram, uma abordagem rigorosa, sem complexos, ao sexo casual
era a melhor maneira de nos livrarmos de quaisquer ilusões sobre o
imperialismo americano – e era a purga terapêutica do legado nazi
dos seus pais, caracterizado como sexualidade reprimida disfarçada
de nacional-machismo.”
Jolly Gipsies
Thomas Rowlandson
ca. 1790-1810
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