5 de julho de 2022

O trabalho

Continuamos presos à noção da era industrial de que o nosso trabalho nos define: mas isto é manifestamente falso para a esmagadora maioria das pessoas hoje em dia. Se vamos invocar chavões oitocentistas, faríamos melhor em citar «O Direito à Preguiça», um panfleto involuntariamente presciente do genro de Marx, Paul Lafargue, que sugere que a vida moderna irá proporcionar cada vez mais oportunidades para a autodefinição através do lazer e da distração. O trabalho irá desempenhar um papel felizmente cada vez mais pequeno.
Acabei a fazer o que sempre quisera fazer – e a ser pago, ainda por cima. Muita gente não tem tanta sorte. A maioria dos empregos é aborrecida: não enriquece nem sustenta. Ainda assim (como os nossos antecessores vitorianos), voltámos a considerar o desemprego uma condição vergonha: algo parecido com um defeito de carácter.”

Judt, Tony, O Chalet da Memória, Lisboa, Edições 70, 2011, p. 135.



Thomas Stothard
1755-1834

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