“No seio da Europa Ocidental, a divisão importante não era este-oeste, mas norte-sul. No século XVII, a distinção estava deveras vincada. Os europeus do Norte eram caracteristicamente protestante (luteranos, calvinistas ou anglicanos), falavam uma língua de raiz germânica e estavam a ficar divididos em Estados-nação com fronteiras definidas nitidamente. Os europeus do Sul falavam uma língua de base latina, professavam a religião católica apostólica romana e viviam em comunidades ainda governadas por imperadores ou papas. Mas estas diferenças, tão importantes na história interna da França ou da Alemanha, ou na história dos conflitos entre governantes europeus ocidentais, nunca adquiriram a importância da divisão entre o Leste e o Ocidente. E isto porque desde o começo da sua história moderna que a Europa Ocidental esteve ligada por laços comerciais e culturais que transcendem as suas divisões internas; desde o renascimento urbano do século XII até ao iluminismo do século XVIII, a história da parte ocidental da Europa tem sido uma história comum e característica.”
Judt, Tony, Uma Grande Ilusão? Um Ensaio sobre a Europa, Lisboa, Edições 70, 2012, pp. 57-58.
Sem comentários:
Enviar um comentário