1 de julho de 2022

Escola Normal Superior de Paris

A própria palavra «intelectual», usada nesta aceção muito lisonjeira, teria certamente divertido o escritor nacionalista Maurice Barrès, o primeiro a usá-la, de forma pejorativa, para descrever Émile Zola, Léon Blum e outros defensores do «traidor judeu» Dreyfus. Desde então, os intelectuais têm «intervindo» em assuntos públicos delicados, invocando a autoridade especial do seu prestígio académico ou artístico (hoje, o próprio Barrès seria um «intelectual»). Não é por acaso que quase todos frequentaram apenas uma pequena e prestigiada instituição, a École Normale Supérieure.
Para percebermos o mistério da intelectualidade francesa, temos de começar pela École Normale. Fundada em 1794 para formar professores do ensino secundário, tornou-se o viveiro da elite republicana. Entre 1850 e 1970, licenciaram-se ali praticamente todos os intelectuais franceses de renome (só muito recentemente é que as mulheres começaram a ser admitidas): de Pasteur a Sartre, de Émile Durkheim a Georges Pompidou, de Charles Péguy a Jacques Derrida (que chumbou no exame de acesso, por duas vezes, antes de passar), de Léon Blum a Henri Bergson, Romain Rolland, Marc Bloch, Louis Althusser, Régis Debray, Michel Foucault, Bernard-Henri Lévy e os oito vencedores franceses da medalha Fields, para matemáticos.”

Judt, Tony, O Chalet da Memória, Lisboa, Edições 70, 2011, pp. 114-115.

Émile Zola
Marcellin Desboutin

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