15 de maio de 2022

1808 e o clero

No caos político e civil da Primavera e Verão de 1808, raríssimas pessoas gozavam de um tão invejável poder, e certamente nenhum grupo social, a não ser o clero. O que se revelou decisivo, já que, em última análise, foi o clero que acabou por dar um conteúdo ideológico à luta que se tratava, impedindo que ela se concebesse apenas como uma luta pela Pátria, contra o estrangeiro e contra os senhores (magistrados, fidalgos, militares, chefes da Igreja) que com ele, em diversos graus, haviam pactuado; e transformando-a também numa guerra de religião em que o inimigo, francês ou português, surgia sobretudo como o inimigo de Deus, o jacobino, o anarquista. Ou seja, a participação dos frades no levantamento conservou-lhes a autoridade e permitiu-lhes desviá-lo para um sentido eminentemente conservador.”

Valente, Vasco Pulido, Ir prò Maneta. A Revolta contra os Franceses (1808), Lisboa, Alêtheia Editores, 2007, pp. 42-43.

Cirilo Volkmar Machado
Série das Invasões Francesas, d. 97p
entre 1807 e 1809?

"Profanações dos Templos.
Os abominaveis soldados de Napoleaõ, manchaõ sacriligamente os Templos de Deos com ex-ecraveis insultos desprezaõ as Santas Imagens partem-nas e as lanção no fogo e…
A Religião de vosso Pais, a mesma que todos professamos…será protejada e socorrida pella mesma vontade. Junot. Edital 1 de Fevereiro de 1808. Grande socorro, grande protecção. para a Religiaõ, lancarem as Imagens sagradas no fogo. Bella fraze."

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