25 de janeiro de 2022

Paris

Antes da Guerra, quando se pensava na Europa, pensava-se em Paris como a sua capital. Fora da Alemanha, inúmeras pessoas acreditavam que a batalha do Marne tinha salvado algo muito mais valioso do que as rendas francesa ou as acções ingleses. Em primeiro lugar, Paris é a única grande cidade do mundo realmente bela, de dia ou de noite, em qualquer estação do ano. Lembre-se também a enorme quantidade de pensamento humano que Paris produziu, não apenas à escala da França, mas à escala europeia ou mesmo mundial.
    Há uma estreita relação entre as duas coisas: a beleza da cidade e a obra dos eruditos, dos filósofos, dos cientistas escritores, actores e actrizes que passaram os seus melhores anos naquela que é a rainha de todas as cidades. De facto, se quisermos imaginar uma Europa antes da guerra, essa será uma Europa quase exclusivamente talhada pelas ideias e pelos actos de homens e mulheres que foram influenciados, de uma ou de outra forma, pela França ou pela sua história. Sim, até mesmo a história de Paris constitui uma parte do conjunto da história dessa Europa sobre a qual ninguém escreveu um livro. A Grande Revolução, Napoleão, 1848, a Comuna, o caso Dreyfus, as batalhas em que tantos milhares de homens e mulheres sacrificaram apaixonadamente as suars vidas: este foi o solo onde as ideias, o pensamento e a imaginação do ser humano criaram raízes e foram fertilizados.”

Fox, Ralph, Portugal Now, Lisboa, Tinta-da-China, 2006, pp. 19-20.


Les bouquinistes du quai de la Tournelle

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