“Ali
está a capela e cá fora espera
um pequeno ajuntamento
de cerca de trinta
homens e mulheres. A
professora
alinha as crianças para passar revista.
Todas
calçam
os sapatos que traziam na
mão, incluindo
a própria professora. Trazia
calçado grosseiro para andar na serra,
mas agora já parece uma jovem da cidade. «Toilette»
geral. Lamento
dizê-lo,
mas a pessoa mais suja da parada
sou eu. Sinto
a camisa húmida
por causa da caminhada e o colarinho parece um esfregão de lavar
pratos…
Um
homem começa a tocar o sino da Igreja
puxando
por uma longa corda atada
ao
badalo
e movendo-a
de um lado para o outro, o
que provoca um
curioso ressoar. As
crianças entram em fila. Toca
outro sino
e começa então
a Missa.
Entram
os homens. Não
existem bancos, nem sequer os
genuflexórios
das igrejas francesas. A
capela é completamente despida,
e temos de nos
ajoelhar no chão de lajeado.
Nem
há
música, nem órgão, nem coro,
nem
acólitos de sobrepeliz;
há apenas
o padre, e
um camponês
vestido normalmente que ajuda à
Missa.
O
padre faz um pequeno sermão, e, a propósito, não é feito
peditório. Chegamos
às
orações finais,
rezadas
em português. É
espantoso como o
Português
se
parece
com
o
Latim.
Os
estudiosos dizem
que é de
longe a mais
latina das
línguas latinas,
chegando a afirmar
que supera nessa
semelhança, o espanhol, o francês e mesmo o
italiano!”
(nota de rodapé da p. 60 - "Ia-se à Missa à Capela da Quinta das Figueiras ou do Vesúvio, mais conhecida na zona por Quinta da Ferreirinha.")
Gibbons, John, Não Criei Musgo. Retrato de uma Aldeia Transmontana, Carrazeda de Ansiães, Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, 2004, p. 63.
Quinta do Vesúvio
Villa Maior, visconde de, O Douro illustrado. Album do Rio Douro e Paiz Vinhateiro, Porto, Livraria Universal de Magalhães & Moniz, Editores, 1876, p. entre pp. 90 e 91. daqui
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