"Nas margens da Ribeira de Jamor,
Casal da Rocha, Freguezia de S. Romão de Carnaxide, Termo de Oeiras,
distante da Cidade de Lisboa duas leguas, descubrio o acaso huma milagrosa maravilha. No dia 23 de Maio de
1822, segunda Oitava do Espirito Santo, andavão sete rapazes nadando na
dita Ribeira, e vírão hum melro, que quizerão apanhar; porém fugindo elle,
descubrírão hum coelho, que se metteo em huma tóca. Cuidárão logo os rapazes em o caçar, fazendo com que
huma cadella entrasse pela tóca, o que conseguírão com violência, por ser o buraco muito pequeno; porém abrindo-o
mais, se introduzio a cadella dentro.
(...)
Voltando da Missa, trouxerão huma alanterna, e huma véla; e cavando mais, fizerão o buraco tão grande,
que o Nicoláo pôde entrar dentro com
a alanterna sózinho, e achando huma
lapa, gritou pelos outros companheiros,
que forão entrando; levantárão huma
laje que vírão, ao procurar o coelho, e
achárão debaixo da laje duas caveiras,
e espalhados pela lapa vários ossos de
corpo humano, dos quaes se enchêrão
dous lenços, que levou o Juiz de Fóra de Oeiras, e outros estão por varias
casas, pois os levárão diversas outras pessoas. Achárão tambem varios pedaços
de louça, e algumas pedras lizas e redondas."
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