"De facto, nos primeiros anos, o convívio humano do jovem Pacheco, em particular com outras crianças, era reduzido, tendo de se entender sozinho com as fantasias próprias da sua idade. As ausências da mãe, mais as discussões entre os pais, numa etapa tão importante na formação da personalidade, fizeram dele uma criança tímida e solitária (tal como não lhe dariam, mais tarde, desenvoltura e segurança na escola). O seu gosto pela solidão era um gosto de sobrevivência face à sua situação infantil, vivida como problemática (portanto, o constrangimento precedeu-lhe o gosto).
(...)
A sua solidão, determinada pelos acontecimentos da sua vida, imposta pelas suas condições de existência, levou-o a refugiar-se nos livros, a virar-se para uma actividade simultaneamente mais pessoal e mais compensadora como a leitura (assim como a escrita, que também necessita de solidão, serviu mais tarde para trabalhar literariamente os seus problemas) (...)."
George, João Pedro, Puta que os pariu! A biografia de Luiz Pacheco, Lisboa, Tinta-da-China, 2011, p. 34.
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