"É necessário falar dos piolhos em Portugal, falou-se demasiado sobre este assunto, contou-se que os piolhos serviriam aos soldados em jogos de azar em vez das cartas, que seriam habitualmente esmagados entre os dentes e outras coisas do mesmo género. Nunca vi nada disto. Mas a verdade é que a gente nobre não se envergonha de matar ou mandar matar em público estes bichinhos. Conta-se que a esposa de um ministro faz isso, não raro, quando joga às cartas na presença de muita gente. Isso, com efeito, não vi. Mas quando estávamos nas Caldas no Gerês, onde se encontram banhos quentes, vi a irmã do bispo e do governador do Porto, uma jovem e atraente viúva da antiga nobreza, pela tarde, em frente da porta, deitar a cabeça no regaço da sua criada para que esta lhe catasse os piolhos. Sei de fonte segura que as jovens donzelas, quando se visitam, se catam mutuamente os piolhos como passatempo."
Link, Heinrich Friedrich, Notas de uma viagem a Portugal e através de França e Espanha, Lisboa, Biblioteca Nacional, 2005, p. 129.
Toilette d'une famille espagnole (Daqui) |
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